Já há muito tempo que sigo este senhor…
É talvez dos poucos que parece escrever “tudo aquilo que
penso”. Revejo-me, não totalmente mas quase‚ nas palavras deste maravilhoso
escritor Miguel Esteves Cardoso. A sua forma de colocar em palavras as suas
ideias, reflete muito da pessoa que deve ser. E noto que tem um poder crítico
muito assertivo e até irónico‚ que faz com que consiga dizer grandes verdades
em palavras subtis e inteligentes.
Sempre que leio algo dele, perco-me no tempo. As palavras
dele são realmente fonte de inspiração e sabedoria‚ de quem sabe e possui das
mais belas artes existentes: a de escrever. A forma como aborda cada tema, faz
com que perder “alguns minutos” a ler o
que escreve‚ sejam minutos preciosos na nossa sabedoria e capacidade interpretativa do mundo social
envolvente.
Muitas vezes partilho as suas leituras com o meu marido, que
já se habituou a ouvir-me falar deste escritor‚ como alguém que me inspira e
que é, sem dúvida‚ um exemplo na maneira de “destilar” palavras.
Curioso ou não‚
coincidência, ou não este, escritor é também‚ além de jornalista, “colega” já
que também‚ é Sociólogo. Talvez daí venha uma forma diferente de ver o mundo e
a realidade que o rodeia.
Um dia gostaria, mesmo que seja uma ambição desmedida‚
escrever com um pouquinho da sapiência com que Miguel Esteves Cardoso escreve. Sonho difícil não?
Aqui fica um dos últimos textos que achei admirável: “Alimentar
o Amor”
" (...)É como no amor. A manutenção do amor exige um cuidado maior. Qualquer palerma se apaixona, mas é preciso paciência para fazer perdurar uma paixão. O esforço de fazer continuar no tempo coisas que se julgam boas — sejam amores ou tradições, monumentos ou amizades — é o que distingue os seres humanos. O nascimento e a morte não têm valor — são os fados da animalidade. Procriar é bestial. O que é lindo é educar.
Estou um pouco farto de revolucionários. Sei do que falo porque eu próprio sou revolucionário. Como toda a gente. Mudo quando posso e, apesar dos meus princípios, não suporto a autoridade.
É tão fácil ser rebelde. Pica tão bem ser irreverente. Criar é tão giro. As pessoas adoram um gozão, um malcriado, um aventureiro. É o que eu sou. Estas crónicas provam-no. Mas queria que mostrassem também que não é isso que eu prezo e que não é só isso que eu sou.
Se eu fosse forte, seria um verdadeiro conservador. Mudar é um instinto animal. Conservar, porque vai contra a natureza, é que é humano. Gosto mais de quem desenterra do que de quem planta. Gosto mais do arqueólogo do que do arquitecto. Gosto de académicos, de coleccionadores, de bibliotecários, de antologistas, de jardineiros."
Estou um pouco farto de revolucionários. Sei do que falo porque eu próprio sou revolucionário. Como toda a gente. Mudo quando posso e, apesar dos meus princípios, não suporto a autoridade.
É tão fácil ser rebelde. Pica tão bem ser irreverente. Criar é tão giro. As pessoas adoram um gozão, um malcriado, um aventureiro. É o que eu sou. Estas crónicas provam-no. Mas queria que mostrassem também que não é isso que eu prezo e que não é só isso que eu sou.
Se eu fosse forte, seria um verdadeiro conservador. Mudar é um instinto animal. Conservar, porque vai contra a natureza, é que é humano. Gosto mais de quem desenterra do que de quem planta. Gosto mais do arqueólogo do que do arquitecto. Gosto de académicos, de coleccionadores, de bibliotecários, de antologistas, de jardineiros."

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